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Prometheus era um Titã, uma raça de gigantes que convivia com os deuses.




Cada cultura tem sua gênese para o Homem civilizado. Os judeus têm a tomada de consciência de Adão e Eva quando da mordida da maçã (tirada da árvore do bem e do mal). 

Os hindus têm nos Vedas a "explicação" para a segregação em castas da humanidade: o Homem surgiu de partes do corpo do Deus primordial, e da cabeça saíram os Brâmanes (casta social dominante, de religiosos), dos braços saíram os guerreiros (Kshatryas), das pernas os produtores/comerciantes e dos pés os servos (não-árias, ou "não-homens").

A lenda grega é bem mais interessante do ponto de vista psicológico, e por isso mesmo muito usada na psicologia. 

Ela começa com Zeus, o "nosso" Deus, que cuida e zela por nós, em troca de adoração. Os homens naquele tempo não eram mais do que macacos, e Zeus nos fornecia animais, o fogo, cavernas. 

Éramos totalmente dependentes Dele e do seu humor. Então era bom deixá-lo sempre feliz, por meio de adoração e sacrifícios.


Prometheus (ou Prometeu) era um Titã, uma raça de gigantes que convivia com os deuses. 

Seu nome, no idioma grego, significa "antevisão", e ele tinha a habilidade de prever o futuro. 

Foi Prometeu que cuidou da evolução da nossa espécie, nos ensinando a raciocinar e trabalhar; Foi o patrono das artes, da construção de casas e navios, da domesticação de animais; Prometeu nos ensinou a escrita, os números e os remédios. 

Essa aproximação de um Imortal emancipando seres inferiores (nós, os humanos) enciumou Zeus, que tinha os homens como seus bichinhos ignorantes de estimação.

Zeus exigia cada vez mais dos humanos. Queria para si, de oferenda, a melhor parte do boi (através da imolação, algo que também é encontrado no Velho Testamento). 

Os humanos tinham de se contentar com as vísceras e as partes menos nobres. 

Prometeu fez então um truque: dividiu as partes do boi em dois montes, e perguntou a Zeus qual dos dois ele queria que fosse destinado a oferenda dos homens. 

Um monte era coberto por uma bela e brilhante camada de gordura. O outro era coberto pela pele e estômago do boi. Zeus, iludido pela beleza, escolheu o primeiro monte. 

Acontece que Prometeus escondeu as carnes do boi embaixo da pele e dentro do estômago, deixando os ossos embaixo da vistosa gordura. 

Quando Zeus descobriu ficou furioso, retirando o fogo dos humanos como forma de punição. 

Prometeu, então, roubou o fogo dos deuses, escondendo-o dentro de um gigantesco caule de funcho, e não só o devolveu à humanidade como nos ensinou a fazê-lo.

Não é muito inteligente irritar um Deus, mas Prometeu sabia que um filho gerado por Zeus em um casamento próximo o destronaria, e que somente ele sabia como impedir que isso acontecesse. 

Ele achava que Zeus não faria nada com ele por causa disso. Bem, ele errou.

A mando de Zeus, Prometeu foi amarrado em correntes, no alto do monte Cáucaso, durante 30 mil anos, durante os quais ele seria diariamente bicado por uma águia que lhe destruiria o fígado. 

Como Prometeu era imortal, seu órgão se regenerava constantemente, e o ciclo destrutivo se reiniciava a cada dia. 

Isto durou até que o herói Hércules o libertou, substituindo-o no cativeiro pelo centauro Quíron, igualmente imortal.

Ainda irritado com os homens, Zeus envia a pior de suas vinganças: Pandora.

Mas isso é outra história.

O mito de Prometeu foi transformado peça teatral pelo poeta grego Èsquilo, no século V a.C, intitulada "Prometeu Acorrentado". 

É um mito brilhante e rico, pois Prometeu não "prometeu" aos humanos um mundo de delícias, o "paraíso" onde tudo nos era dado. 

Não. Ao contrário, o que ele ofereceu foi dignade, autonomia, sustentabilidade e trabalho. 

Muito trabalho. 

Se antes o fogo brotava das árvores e já cozia as carnes, enquanto o trigo crescia sozinho, agora os humanos tinham de cuidar de manter o fogo, cozer seus alimentos e lavrar os campos, pra ter o que comer. 

Prometeu ensinou as artes, a matemática, os ofícios, enfim, as bases de nossa civilização. 


Fonte: Net