Num esquartejamento, os psiquiatras destacam dois aspectos. De um lado, um objetivo, digamos, prático: dar sumiço no morto. Em outros casos, mais doentios, o esquartejamento é como um ritual.
Quando acontece um crime como o de São Paulo, em que Elize Matsunaga matou e esquartejou o marido, Marcos, a gente se pergunta: uma pessoa normal faria uma coisa dessas?
Matar o marido com um tiro. Passar dez horas pensando o que fazer com o cadáver. E finalmente, esquartejá-lo. Loucura completa de um assassino em série? Ou um ato extremo de alguém que tinha vida normal, e pode até nunca mais matar? Entre os especialistas, há divergências.
"O esquartejador, a gente poderia dizer que ele seria o criminoso mais perverso, de uma maneira quase como um animal selvagem, que pega sua presa e dilacera. Isso é uma coisa que a gente vê nas personalidades psicopáticas mais graves. Tendem a se repetir", avalia a psiquiatra e escritora Ana Beatriz Barbosa.
"Por mais que tenha sido de fato agressivo - e não estou minimizando a gravidade do que ela fez -, mas, por conta desse ato, não é possível a gente afirmar que ela vai cometer ou que ela é uma pessoa incapaz de viver em sociedade", analisa o psiquiatra forense da USP, Daniel Martins de Barros.
Num esquartejamento, os psiquiatras destacam dois aspectos. De um lado, um objetivo, digamos, prático: dar sumiço no morto.
"Na maioria das vezes é uma coisa mais prática, é mais uma maneira de se livrar do corpo do que uma coisa ritualística ou simbólica", explica Daniel.
Em outros casos, mais doentios, o esquartejamento é como um ritual.
"Isso quer dizer que há uma morbidez e uma tendência a ter o prazer na forma de ver o sofrimento do outro", esclarece Ana Beatriz.
Esse era o caso de Francisco Costa Rocha, o notório Chico Picadinho, assassino que agiu em São Paulo nos anos 60 e 70 do século 20. Matou duas mulheres.
"No primeiro caso, ele foi preso, após ele tentar seccionar partes do corpo, também para se livrar do corpo. Houve um primeiro homicídio. Depois ele foi colocado em liberdade, e ele matou novamente e esquartejou o corpo. Mas não teve tempo para se livrar dos restos mortais", conta o delegado Gaetano Vergine, da Academia de Polícia.
“E tudo indica que foi feito com a vítima ainda viva, o que põe alguma perversidade ainda maior”, completa Ana Beatriz.
Quarenta anos antes de Chico Picadinho, outro esquartejamento já tinha sido notícia na capital paulista. Executado sem tantos requintes e por motivo passional. Um dos primeiros crimes de esquartejamento que mobilizaram a opinião pública em São Paulo aconteceu na década de 20, e hoje é um dos destaques do Museu do Crime, da Polícia Civil.
“O Crime da Mala foi em 1928, quando Giuseppe Pistone, que era casado com Maria Féa, a matou por ciúmes, depois esquartejou o corpo e colocou numa mala. E essa mala ele remeteu para o Porto de Santos, para ser enviada para uma cidade”, conta o delegado Gaetano.
A cidade era Bordeaux, na França, a nove mil quilômetros de São Paulo. A rota de um crime perfeito. Mas o navio demorou a sair de Santos, e o baú acabou chamando a atenção.
"Os funcionários do porto perceberam o mau cheiro, abriram e descobriram o corpo da Maria Féa", diz o delegado.
Giuseppe, o marido ciumento que se tornou assassino, foi preso. "Cumpriu pena, e depois que saiu da cadeia - ele cumpriu 25 anos-, ele foi morar na cidade de Taubaté, casou novamente e teve uma vida normal".
Com Chico Picadinho foi diferente. Já cumpriu a pena máxima (30 anos), mas ainda vive sob custódia do estado num hospital psiquiátrico em Taubaté, interior de São Paulo. Está preso até hoje.
Mas um outro esquartejador, de atuação mais recente, teve mais sorte. O cirurgião plástico Farah Jorge Farah matou e depois despedaçou o corpo de sua paciente e amante Maria do Carmo Alves, em 2003. Foi condenado a 13 anos, mas vive solto, graças a um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal.
Chico Picadinho, Giuseppe Pistone, Farah Jorge Farah. Todos esquartejadores condenados, mas com perfis e destinos diferentes.
Em algumas semanas, a polícia vai entregar à Justiça o inquérito sobre o crime de Elize Araújo Kitano Matsunaga. Assassina confessa, ela terá o futuro decidido por um júri popular.
Matar o marido com um tiro. Passar dez horas pensando o que fazer com o cadáver. E finalmente, esquartejá-lo. Loucura completa de um assassino em série? Ou um ato extremo de alguém que tinha vida normal, e pode até nunca mais matar? Entre os especialistas, há divergências.
"O esquartejador, a gente poderia dizer que ele seria o criminoso mais perverso, de uma maneira quase como um animal selvagem, que pega sua presa e dilacera. Isso é uma coisa que a gente vê nas personalidades psicopáticas mais graves. Tendem a se repetir", avalia a psiquiatra e escritora Ana Beatriz Barbosa.
"Por mais que tenha sido de fato agressivo - e não estou minimizando a gravidade do que ela fez -, mas, por conta desse ato, não é possível a gente afirmar que ela vai cometer ou que ela é uma pessoa incapaz de viver em sociedade", analisa o psiquiatra forense da USP, Daniel Martins de Barros.
Num esquartejamento, os psiquiatras destacam dois aspectos. De um lado, um objetivo, digamos, prático: dar sumiço no morto.
"Na maioria das vezes é uma coisa mais prática, é mais uma maneira de se livrar do corpo do que uma coisa ritualística ou simbólica", explica Daniel.
Em outros casos, mais doentios, o esquartejamento é como um ritual.
"Isso quer dizer que há uma morbidez e uma tendência a ter o prazer na forma de ver o sofrimento do outro", esclarece Ana Beatriz.
Esse era o caso de Francisco Costa Rocha, o notório Chico Picadinho, assassino que agiu em São Paulo nos anos 60 e 70 do século 20. Matou duas mulheres.
"No primeiro caso, ele foi preso, após ele tentar seccionar partes do corpo, também para se livrar do corpo. Houve um primeiro homicídio. Depois ele foi colocado em liberdade, e ele matou novamente e esquartejou o corpo. Mas não teve tempo para se livrar dos restos mortais", conta o delegado Gaetano Vergine, da Academia de Polícia.
“E tudo indica que foi feito com a vítima ainda viva, o que põe alguma perversidade ainda maior”, completa Ana Beatriz.
Quarenta anos antes de Chico Picadinho, outro esquartejamento já tinha sido notícia na capital paulista. Executado sem tantos requintes e por motivo passional. Um dos primeiros crimes de esquartejamento que mobilizaram a opinião pública em São Paulo aconteceu na década de 20, e hoje é um dos destaques do Museu do Crime, da Polícia Civil.
“O Crime da Mala foi em 1928, quando Giuseppe Pistone, que era casado com Maria Féa, a matou por ciúmes, depois esquartejou o corpo e colocou numa mala. E essa mala ele remeteu para o Porto de Santos, para ser enviada para uma cidade”, conta o delegado Gaetano.
A cidade era Bordeaux, na França, a nove mil quilômetros de São Paulo. A rota de um crime perfeito. Mas o navio demorou a sair de Santos, e o baú acabou chamando a atenção.
"Os funcionários do porto perceberam o mau cheiro, abriram e descobriram o corpo da Maria Féa", diz o delegado.
Giuseppe, o marido ciumento que se tornou assassino, foi preso. "Cumpriu pena, e depois que saiu da cadeia - ele cumpriu 25 anos-, ele foi morar na cidade de Taubaté, casou novamente e teve uma vida normal".
Com Chico Picadinho foi diferente. Já cumpriu a pena máxima (30 anos), mas ainda vive sob custódia do estado num hospital psiquiátrico em Taubaté, interior de São Paulo. Está preso até hoje.
Mas um outro esquartejador, de atuação mais recente, teve mais sorte. O cirurgião plástico Farah Jorge Farah matou e depois despedaçou o corpo de sua paciente e amante Maria do Carmo Alves, em 2003. Foi condenado a 13 anos, mas vive solto, graças a um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal.
Chico Picadinho, Giuseppe Pistone, Farah Jorge Farah. Todos esquartejadores condenados, mas com perfis e destinos diferentes.
Em algumas semanas, a polícia vai entregar à Justiça o inquérito sobre o crime de Elize Araújo Kitano Matsunaga. Assassina confessa, ela terá o futuro decidido por um júri popular.
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