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Referência ao Nome Divino – Literal e Simbólico

o deus verdadeiro

Quando falamos de Nome Divino, estamos nos referindo ao Tetragrama יהוה(YHWH). Nós observamos em algumas passagens veterotestamentárias algumas citações do Nome de Deus. Veja algumas passagens apenas no livro bíblico de Êxodo:

(Êxodo 3:15) “...Este é o meu nome por tempo indefinido e esta é a recordação de mim por geração após geração.”

(Êxodo 6:3) “. . .E eu costumava aparecer a Abraão, a Isaque e a Jacó como Deus Todo-poderoso, mas com respeito ao meu nome Yahweh não me dei a conhecer a eles.”

(Êxodo 9:16) “. . .Mas, de fato, por esta razão te deixei em existência: para mostrar-te meu poder e para que meu nome seja declarado em toda a terra.” 

(Êxodo 20:24) “. . .Em todo lugar onde farei que meu nome seja lembrado virei a ti e certamente te abençoarei.” 

(Êxodo 23:21) “. . .Guarda-te por causa dele e obedece à sua voz. Não te comportes rebeldemente contra ele, pois não perdoará a vossa transgressão; porque meu nome está nele.”

Esses são apenas alguns poucos exemplos e versículos de muitos outros que mostram a declaração do próprio Deus (e não o escritor bíblico em si) fazendo referência à um nome. Veja que Deus aqui usa categoricamente as palavras: “meu nome”. 

Qualquer leitor, digo “mero leitor”, das Escrituras, já deve ter visto incontáveis passagens onde se ressaltam a importância do Nome de Deus. Isso, por si só, deveria nos levar a investigar o assunto. Mas antes de nos adentrarmos nesse tópico bíblico, gostaria de primeiro esclarecer o que queremos dizer com o termo “nome”. Não estamos falando de adjetivos hebraicos qualitativos de alguma faceta da personalidade divina. O que queremos dizer com isso? Caro leitor, se você apanhar um dicionário bíblico em Português, ou inglês, e procurar sobre o verbete “Nome Divino” e seus equivalentes, achará artigos dizendo que o Deus de Israel tinha muitos nomes. Os cabalistas falam de 72 nomes de Deus, teólogos falam “nomes pessoais”, tais como 'Elohim, 'Eloah, 'El, 'Adhon, 'Adhonay, Cur, Kadhosh, Shadday, e “nomes descritivos” tais como 'Abhir, 'El-'Elohe-Israel, ‛Elyon, Gibbor, 'El-Ro'i, Caddiḳ, Kanna, Yahweh Cebha'oth. A internet também abunda com inúmeras informações sobre esse tema de estudo.    

Não tenho dúvida alguma de que você, que está lendo esse artigo, sabe muito bem o que é um nome próprio. Não estou falando de títulos (apóstolo, discípulo, profeta, deus, rei, pai, soberano). Estou falando de nome próprio (Joaquim, José, Maria, Paulo, Silas, Jesus, etc). Esses termos mencionados acima ('Elohim, 'Eloah, 'El, 'Adhon, 'Adhonay, Kadhosh, Shadday, 'Abhir, 'El-'Elohe-Israel, ‛Elyon, Gibbor, 'El-Ro'i, Caddiḳ, Kanna.) são apenas títulos aplicados ao Deus do A.T. A grande confusão gira em torno do que é nome próprio e título, como também o significado simbólico da palavra “nome” em alguns textos bíblicos que se referem à Deus. 

Não se precisa ser erudito bíblico para entender esse ponto. Acredito que quando uma coisa é verdade, ela deve ser simples, para que desde a pessoa mais agramática, até o mais gramático (estudioso, erudito), possa compreender, e além do mais, não apenas tranquilizar a mente, mas trazer alguma paz à alma, ao coração e melhorar a vida do indivíduo de alguma forma, e acima de tudo, sua relação com Deus. 

Tendo isso em mente, só parece haver nos originais um único nome próprio que descrevia Deus como Pessoa para os antigos hebreus, e esse nome é YHWH (Javé, Jeová). Javé (Jeová) é tanto um nome próprio que talvez você até conheça pessoas que se chamem Jeová, como (Jeová de Andrade Neto, Jeová Fonseca Junior, etc). Mas, dificilmente você já encontrou alguém cujo nome seja Elohim da Costa Silva, Adonai Bartolomeu Junior, Deus da Silva Filho). E porque isso se dá assim? Porque todo mundo sabe, pelo menos deveria saber, que Jeová [Javé] é um nome próprio, e, portanto, pode ser dado como nome às pessoas. Já no caso de títulos tais como Senhor, Cristo, Salvador, Pai, Criador, não são registrados como nomes próprios; ninguém tem tais palavras como nome. 

No tema desse estudo bíblico, nós colocamos o termo “nome” tanto no sentido literal como simbólico. Isso é importante, porque, como visto em outro estudo, precisamos entender qual era o uso da palavra “nome” (hebr.: shem) dentro do contexto sócio-cultural israelita, assim como também, as referências a expressão “meu nome” feitas pelo próprio Deus. 

Nem sempre quando Deus usava a expressão “meu nome” Ele estava se referindo ao Seu nome próprio יהוה (YHWH), mas sim à alguma característica de sua magnífica personalidade da qual somos imagem e semelhança. (Gn. 1.27) Veja, por exemplo, Êxodo 34:14, que diz: 

“Pois, não deves prostrar-te diante de qualquer outro deus, porque Yahweh, cujo nome é Ciumento, é um Deus ciumento.”

Nesse caso podemos ver claramente que o nome de Deus aqui é simbólico, ao dizer, “cujo nome é Ciumento”. Ninguém precisa a partir de então chamar Deus pelo nome de Ciumento. Consegue imaginar essa cena, alguém orando a Deus, dizendo: “Senhor Ciumento, louvo-Te...”, talvez você tenha até rido, pois realmente não faz sentido nenhum. Então, o que entendemos aqui quando a Bíblia diz que o nome dEle é Ciumento é o que o próprio versículo explica, que o Criador exige adoração exclusiva, que não devemos nos prostrar diante de qualquer outro deus, pois Yahweh é tão ciumento [no bom sentido da palavra], que Seu nome é Ciumento, por assim dizer, ou seja, simbolicamente.

O mesmo ocorre em Isaías 57:15, que diz: 

“Pois assim disse o Enaltecido e Elevado, que reside para todo o sempre e cujo nome é Santo”.


No caso de Isaías, ocorre o mesmo no que diz respeito ao nome simbólico característico de um traço da personalidade divina, ou seja, Deus é tão santo, que Seu nome é Santo.

Um exemplo parecido, embora não esteja se referindo ao Nome Divino, mas que demonstra mais ainda o uso do vocábulo “nome” dentro de um contexto simbólico-explicativo, está em Marcos 5:9, que relata o encontro de Jesus com um homem endemoniado. O relato diz que Jesus perguntou: ““Qual é teu nome?” E ele lhe disse: “Meu nome é Legião, porque há muitos de nós.”” Veja o simbolismo por trás do “nome” aqui empregado no N.T. Essa fraseologia segue essa ideia hebraica do nome simbólico que intenciona não uma nomenclatura específica de nome próprio, mas como expressão explicativa de um fato. Nesse caso o nome simbólico de Legião significava apenas que existiam muitos espírito iníquos dentro do homem e não que Legião seja o nome de algum espírito impuro.

Esses três exemplos mostram o sentido simbólico que o termo “nome” é aplicado nas Escrituras. Nos dois primeiros casos, o termo “nome” não se destina a ser usado literalmente como o Nome Divino, por meio do qual Ele é invocado, mas simbolicamente dentro do contexto sócio-cultural de Israel de um nome autodescritível do caráter divino. 

Então, agora que vimos a diferença entre nome próprio e título descritivo, assim como a aplicação literal e simbólica do vocábulo “nome”, nós iremos dar nossa atenção ao comumente chamado TETRAGRAMA. 


Fonte: BibliotecaBiblica