Por séculos, a maioria das pessoas na cristandade
acreditavam que Deus exigia obediência. Elas iam às igrejas para obter o favor
de Deus por meio de rituais realizados por um sacerdote ou pela orientação de
um pregador. É claro que muitos sabiam da hipocrisia existente na religião. O
papel da religião na guerra era bem conhecido, assim como o comportamento
imoral de alguns clérigos. Mas, em geral, as pessoas achavam que a religião em
si era boa. Muitas gostavam do clima de mistério, das tradições e da música;
alguns até viam algum valor na ameaça de condenação eterna no inferno de fogo,
ensino que não se encontra nas Escrituras. Daí, aconteceram várias coisas que
mudaram o conceito de muitos sobre a religião.
A teoria da evolução tornou-se bem popular. Alguns se
convenceram de que a vida se originou por acaso — sem a ajuda de Deus. A
maioria das religiões falhou em fornecer provas convincentes de que Deus é a
Fonte da vida. (Salmo 36:9) Além disso, à medida que a tecnologia avançava, as
grandes realizações na medicina, nos meios de transporte e nos sistemas de
comunicação davam às pessoas a impressão de que qualquer problema poderia ser
resolvido pela ciência. Além do mais, achava-se que a orientação dada pelos
cientistas sociais e psicólogos era melhor do que a dada pelas religiões.
Estas, por sua vez, deixaram de demonstrar claramente que viver de acordo com a
lei de Deus é o melhor modo de vida. — Tiago 1:25.
Por isso, muitas religiões mudaram sua mensagem.
Sacerdotes e pregadores pararam de ensinar que Deus exige obediência. Em vez
disso, muitos ensinavam que cada um tem de decidir por si mesmo o que é certo e
o que é errado. Na tentativa de ganhar popularidade, alguns líderes religiosos
afirmavam que Deus aceita você não importa o modo como viva. Tais ensinamentos
nos fazem lembrar o que a Bíblia predisse: “Haverá um período de tempo em que
não suportarão o ensino salutar, porém, de acordo com os seus próprios desejos,
acumularão para si instrutores para lhes fazerem cócegas nos ouvidos.” — 2
Timóteo 4:3.
Esses ensinamentos afastaram as pessoas das religiões
em vez de atraí-las. Elas obviamente se perguntavam: ‘Se as religiões duvidam
do poder criativo de Deus e da sabedoria dele de fazer leis, que adianta ir à
igreja? Por que me preocupar em ensinar religião aos meus filhos?’ Pessoas que
estavam tentando levar uma vida decente começaram a encarar a religião como
irrelevante. Abandonaram as igrejas, e a religião perdeu sua importância. Por
que deu tão errado algo que era para dar certo? A Bíblia dá uma explicação
convincente.
Uso da religião para objetivos errados
O apóstolo Paulo avisou os primeiros cristãos que
alguns usariam o cristianismo para objetivos errados. Ele disse: “Entrarão no
meio de vós lobos opressivos e eles não tratarão o rebanho com ternura, e
dentre vós mesmos surgirão homens e falarão coisas deturpadas, para atrair a si
os discípulos.” (Atos 20:29, 30) Um que falou “coisas deturpadas” foi
Agostinho, teólogo católico-romano. Jesus havia ensinado seus seguidores a
convencer as pessoas por raciocinar com elas à base das Escrituras. No entanto,
Agostinho deturpou o significado das palavras de Jesus registradas em Lucas
14:23, “compele-os a vir para dentro”, a fim de dar a idéia de que era correto
usar a força para converter as pessoas. (Mateus 28:19, 20; Atos 28:23, 24)
Agostinho usou a religião para controlar outros.
Satanás, um anjo rebelde, está por trás do mau uso e da
corrupção da religião. Ele instigou homens religiosos do primeiro século a
tentar corromper as congregações cristãs. A Bíblia diz sobre aqueles homens:
“Tais homens são falsos apóstolos, trabalhadores fraudulentos, transformando-se
em apóstolos de Cristo. E não é de admirar, pois o próprio Satanás persiste em
transformar-se em anjo de luz. Portanto, não é grande coisa se os ministros
dele também persistem em transformar-se em ministros da justiça.” — 2 Coríntios
11:13-15.
Satanás ainda usa a religião que finge ser cristã,
virtuosa e esclarecedora para fazer as pessoas viverem de acordo com os padrões
dele, em vez de com os de Deus. (Lucas 4:5-7) Talvez tenha notado que muitos
clérigos hoje usam a religião para se enaltecer com títulos ostentosos e para
tirar dinheiro de seus rebanhos. Governantes também usam a religião para
induzir os cidadãos a se sacrificar nas guerras.
O Diabo usa a religião de forma mais abrangente do que
muitos imaginam. Você talvez pense que apenas uns poucos extremistas religiosos
servem aos interesses de Satanás. Mas de acordo com a Bíblia, aquele que é
“chamado Diabo e Satanás . . . está desencaminhando toda a terra habitada”. A
Bíblia também diz: “O mundo inteiro jaz no poder do iníquo.” (Revelação
[Apocalipse] 12:9; 1 João 5:19) Como Deus se sente em relação às religiões que
são usadas por líderes que só querem atrair pessoas a si?
“De que me serve?”
Se você está chocado com a conduta de algumas religiões
da cristandade, saiba que o Deus Todo-Poderoso está muito insatisfeito com
elas. A cristandade afirma ter feito um pacto com Deus; o Israel antigo fez uma
afirmação similar. Ambos foram infiéis. A denúncia de Jeová contra Israel,
portanto, se aplica com igual força à cristandade hoje. Jeová disse: ‘Não deram
atenção às minhas palavras e rejeitaram a minha lei. De que me serve o incenso
trazido de Sabá? Não me agradam as suas ofertas.’ ( Jeremias 6:19, 20, Nova
Versão Internacional) Deus não aceitava atos de adoração feitos por hipócritas.
Não estava interessado nos seus rituais e orações. Ele disse a Israel: “Minha
alma tem odiado as vossas . . . épocas festivas. Tornaram-se para mim um fardo;
fiquei cansado de suportá-las. E quando estendeis as palmas das vossas mãos,
oculto de vós os meus olhos. Embora façais muitas orações, não escuto.” —
Isaías 1:14, 15.
Será que Jeová se agrada das festividades que as
religiões dizem ser cristãs, mas que originalmente honravam deuses falsos? Será
que ele escuta as orações dos clérigos que deturpam os ensinos de Cristo? Deus
aceita alguma religião que rejeita suas leis? Tenha certeza de que ele reage
aos rituais das religiões hoje da mesma forma como reagia aos sacrifícios do
Israel antigo, sobre os quais ele disse: ‘De que me servem?’
Apesar disso, DEUS se importa muito com a adoração
prestada de modo verdadeiro por pessoas sinceras. Deus fica satisfeito quando
as pessoas mostram apreço por tudo que recebem dele. (Malaquias 3:16, 17)
Portanto, é possível ser bom sem adorar a Deus? A pessoa que não faz nada por
seus pais amorosos dificilmente pode se considerar boa, não é verdade? Pode
alguém que não faz nada por Deus ser bom? A conclusão lógica é que devemos ter
interesse ativo no Deus verdadeiro, de quem a vida se originou. No próximo
artigo, veremos como a verdadeira adoração não apenas honra a Deus, mas também
nos beneficia.
Jhero