A vida das pessoas nos tempos primitivos parecia envolta em mistérios. Viviam cercadas de eventos inexplicáveis e desconcertantes. Por exemplo, não podiam entender por que uma pessoa perfeitamente robusta devesse subitamente adoecer, ou por que o céu deixaria de dar chuva na época costumeira, ou por que uma árvore desfolhada, aparentemente sem vida, devesse ficar verde e cheia de vida numa determinada época do ano. Até mesmo a sombra, os batimentos do coração e a respiração da pessoa eram mistérios.
Considerando a inclinação espiritual inata do homem, seria natural que ele atribuísse tais coisas e acontecimentos misteriosos a algum poder sobrenatural. Contudo, faltando-lhe a correta orientação e entendimento, seu mundo logo passou a ficar repleto de almas, espíritos, fantasmas e demônios.
Por exemplo, os índios algonquianos, da América do Norte, chamam a alma da pessoa de otahchuk, que significa “sua sombra”, e os malaios do sudeste da Ásia crêem que, quando um homem morre, a sua alma escapa através das narinas. Hoje, a crença em espíritos e almas que partiram — e tentativas de se comunicar com eles de alguma maneira — são praticamente universais.
Da mesma maneira, outras coisas no ambiente natural — sol, lua, estrelas, oceanos, rios, montanhas — pareciam estar vivas e exercer uma influência direta sobre as atividades humanas. Visto que tais coisas pareciam ocupar um mundo à parte, foram personificadas como espíritos e deidades, alguns benevolentes e prestimosos, outros iníquos e danosos. A adoração de coisas criadas veio a ocupar um lugar de destaque em quase todas as religiões.
Encontramos crenças desse tipo nas religiões de praticamente toda civilização antiga. Os babilônios e os egípcios adoravam seus deuses do sol, da lua e das constelações. Animais domésticos e selvagens também figuravam entre seus objetos de veneração.
Os hindus se notabilizam por seu panteão de deuses, que chegam a milhões. Os chineses sempre tiveram suas montanhas sagradas e seus deuses-rio, e eles expressam a sua devoção filial na adoração de antepassados.
Os antigos druidas das Ilhas Britânicas consideravam sagrados os carvalhos, e reverenciavam em especial o visco que crescia no carvalho. Mais tarde, os gregos e os romanos deram a sua contribuição; e a crença em espíritos, deidades, almas, demônios e objetos sagrados de todo tipo ficou solidamente entrincheirada.
Embora alguns hoje possam encarar essas crenças como superstições, tais conceitos ainda estão presentes nas práticas religiosas de muitas pessoas em todo o mundo. Algumas ainda crêem que certas montanhas, rios, rochas de configuração estranha, árvores velhas e numerosas outras coisas sejam sagradas, e elas as adoram como objetos de devoção. Constroem altares, santuários e templos nesses lugares. Por exemplo, o rio Ganges é sagrado para os hindus, cujo mais acalentado desejo é banhar-se nele quando em vida e terem suas cinzas espalhadas sobre ele quando morrem.
Os budistas consideram uma extraordinária experiência adorar no santuário em Buda Gaia, Índia, onde se diz que o Buda foi iluminado debaixo de uma figueira-dos-pagodes. Católicos vão de joelhos à Basílica de Nossa Senhora de Guadalupe, no México, ou banham-se nas águas “sagradas” do santuário de Lourdes, na França, em busca de curas milagrosas. Venerar coisas criadas, em vez de o Criador, ainda é muito comum hoje. — Romanos 1:25.
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