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Maneiras de usar a psicologia para o mal

A psicologia nos ajuda a entender como as pessoas pensam, se comportam, agem e reagem a diversas situações que podem ocorrer na vida. Infelizmente, esse conhecimento todo não é sempre usado para fins nobres.

1. Psicólogos usam técnicas anti-interrogatório “ao contrário” para obter informações secretas


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O Exército dos EUA não quer que soldados eventualmente capturados pelos inimigos abram sua boquinha. A fim de lidar com este problema, psicólogos militares criaram um programa para ensinar soldados americanos a resistir a tortura. Este programa é chamado de SERE, que significa Sobrevivência, Evasão, Resistência e Fuga (do inglês Survival, Evasion, Resistance, and Escape).
Infelizmente, após o atentado de 11/9, a CIA e o Departamento de Defesa dos EUA decidiram que eles é que precisavam extrair informações, não importava como. Assim, os psicólogos militares usaram engenharia reversa no programa SERE a fim de fazer seus próprios detidos falarem. Os frutos de seu trabalho são técnicas horrendas agora populares, como posições de estresse, humilhação e uma série de outras maneiras de quebrar o espírito de um possível informante capturado.
Grande parte desse trabalho foi inspirado pela pesquisa do Dr. Martin Seligman, que descobriu o que ele chamou de “desamparo aprendido”. Primeiro, ele torturou cães com choques de eletricidade. Depois que os animais eram submetidos a esta tortura por tempo suficiente, eles já não tentavam mais fugir da dor, mesmo quando tinham a oportunidade. Enquanto Seligman nega qualquer envolvimento com as técnicas usadas pelos militares, sua pesquisa foi certamente uma inspiração para o governo americano.

2. Lavagem cerebral maciça norte-coreana

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A Coreia do Norte é um regime ditatorial que leva as coisas muito além do reino da sanidade. Além de oprimir seu povo com a força das armas, eles são adeptos da lavagem cerebral em massa, pois só se controla verdadeiramente um povo quando se controlam seus pensamentos.
Lembra daquelas imagens nos noticiários de cidadãos chorando quando Kim Jong Il morreu? Você poderia pensar que eram imagens falsificadas pelo governo norte-coreano, afinal, quem iria ficar triste com a morte de um opressor de tal nível? Mas não foi o caso. Um desertor que fugiu para a Coreia do Sul mais de uma década atrás explicou que a emoção mostrada nas TVs era genuína. Na verdade, mesmo depois de quase uma década, acompanhar o noticiário da morte do ditador trouxe suas próprias emoções à tona, fazendo o desertor quase acreditar em sua divindade mais uma vez. Essa é uma lavagem cerebral tão poderosa que mesmo aqueles que já se distanciaram desse governo ainda têm dificuldades para esquecer as mentiras com as quais foram alimentados uma vez.

3. Experimentos de privação sensorial

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Na década de 1950, quando era mais fácil realizar experimentos antiéticos em universidades, o psicólogo Donald Hebb decidiu testar sua teoria de que, se uma pessoa fosse totalmente privada de qualquer estímulo sensorial, seu cérebro começaria a enfraquecer e funcionar de forma menos eficiente. Ele pagava US$ 20 a estudantes por dia para participar de seu estudo. O problema foi que nem mesmo Hebb pode antecipar o quão horrível os resultados seriam.
O psicólogo inicialmente pensou que seria capaz de observar seus participantes por várias semanas para obter dados sólidos, mas acabou descobrindo que ninguém durava nem uma semana. A privação sensorial era grande: as pessoas usavam óculos escuros, fones de ouvido que emitiam ruído branco e vestuário destinado a limitar o seu sentido do tato. O que acontecia? Os participantes tinham comprometimento cognitivo temporário, mesmo depois de apenas um curto período sem estímulos sensoriais. Também ficavam altamente sugestionáveis enquanto privados. Hebb não tinha intenção de torturar ninguém, e ficou na verdade surpreso com a rapidez e dramaticidade da experiência.
As coisas saíram do controle quando um psicólogo chamado Ewen Cameron, interessado no trabalho de Hebb, decidiu inventar seus próprios métodos de privação sensorial para “tratar” doentes. Hebb não quis fazer parte disso, porque Cameron executava seus experimentos em pacientes que não tinham como recusar o tratamento. Além disso, após o uso de privação sensorial e drogas para colocá-los em um estado sugestionável, tentava “reprogramá-los”. Sem surpresa, Cameron acabou sendo processado.

4. Gaslighting

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O termo “gaslighting” foi originalmente cunhado em referência ao filme “Gaslight”, sobre um marido abusivo que entrou um jogo de guerra psicológica contra a sua esposa. Um de seus truques favoritos era diminuir a intensidade das luzes (“gas light” é um tipo de lâmpada aquecida pela queima de gás) na casa, afirmando em seguida que ela estava imaginando quando dizia que as luzes tinham ficado mais fracas. Esta técnica é usada por abusadores para fazer a outra pessoa questionar sua própria realidade, o que por sua vez torna muito mais fácil de controlá-la.
Outras pessoas já usaram técnicas semelhantes no mundo real, e os resultados foram horríveis. Por exemplo, o livro “Gaslighting, the Double Whammy, Interrogation and Other Methods of Covert Control in Psychotherapy and Analysis” conta a história de um psicólogo que criou uma espécie de culto psicoterapêutico no qual abusava sexualmente de alguns de seus pacientes. Para piorar a situação, este psicólogo também manipulava o marido de uma mulher do culto. Quando ele demonstrava suas preocupações com a esposa e seu envolvimento com o grupo, o médico respondia que era o marido que estava “distorcendo sua própria realidade”. Eventualmente, as pessoas começaram a apresentar acusações e o reinado de terror do médico chegou ao fim, mas não antes de um de seus pacientes quase se matar pelo trauma da tentativa de destruição de sua realidade.

5. Interrogatório através de indução de culpa

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Desde que o Dr. Seligman realizou aquele experimentou com cães, algumas pessoas se perguntaram se poderiam usar suas descobertas para abusar mentalmente de um ser humano, a fim de extrair informações (como explorado no item 1).
No estudo de Seligman, os cães ficaram mais abertos a sugestões. A ideia do método coercitivo de interrogatório baseado no experimento é fazer o mesmo, quebrando os processos superiores do cérebro que nos permitem planejar, pensar e cuidar de nós mesmos.
Alguns documentos militares sugerem que interrogadores podem usar sua posição de poder para induzir culpa nas suas vítimas, fazendo-as divulgar informações. Isso funciona porque quando uma pessoa é torturada e interrogada pela mesma autoridade durante um longo período de tempo enquanto é mantida em um estado de desamparo, ela pode, eventualmente, começar a pensar em seu torturador como uma espécie de “parente”. Quando atinge essa mentalidade, o interrogador pode então usar essa fraqueza da pessoa para fazê-la se sentir mal por não dizer-lhe o que ele quer saber.

6. Falsas memórias implantadas com hipnose

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A maioria dos psicólogos hoje crê que memórias reprimidas são bobeiras pseudocientíficas. Não, elas não existem, e você não vai recuperar nada enterrado em sua mente com uma sessão de hipnose. O que pode de fato acontecer é uma falsa memória ser implantada na sua cabeça. Nesse caso, você passa a realmente acreditar nela.
Se hoje ninguém acredita mais em lembranças reprimidas, no passado foi diferente. Não estamos dizendo necessariamente que os psicólogos que ajudaram pessoas a recuperar essas supostas memórias fizeram isso com intenções maliciosas. Na verdade, muitos deles provavelmente pensaram que estavam ajudando seus pacientes. Mas, como já diria o ditado, “de boas intenções o inferno está cheio”.
Um desses profissionais de saúde mental “descobriu” memórias supostamente reprimidas que levaram a acusações de homicídio contra uma pessoa inocente, arrastando esse paciente em uma batalha judicial prolongada. A polícia finalmente descobriu que não havia sequer o menor fragmento de evidência contra o homem. Moral da história: é muito fácil levar as pessoas a acreditarem em algo que nunca aconteceu.

7. Excesso de estimulação sensorial

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Outra técnica popular para interrogatório é o inverso da privação sensorial. De acordo com pesquisadores psicológicos, sujeitar alguém a mais estímulos do que ele pode lidar pode ser tão eficaz quanto tirar todos os estímulos dessa pessoa.
O excesso de estimulação sensorial muitas vezes envolve ruídos extremamente altos destinados a fazer com que seja difícil para a pessoa pensar ou reagir adequadamente a qualquer situação. Geralmente, inclui ritmos repetidos para aumento do efeito hipnótico. Algumas formas de estimulação excessiva (como técnicas japonesas de tortura com água) não usam som, mas sim contam com o fato de que seu cérebro precisa distinguir estímulos para continuar a processar seus arredores de uma forma clara.
Os militares dos EUA fizeram uso de técnicas de estimulação excessiva na Baía de Guantánamo, incluindo reprodução de música em volumes extremamente elevados e o uso de luzes estroboscópicas piscando constantemente para os detentos.
Infelizmente, as pessoas raramente conseguem lidar com tortura. Técnicas de interrogatório “avançadas” como as descritas nesse artigo levaram muitos prisioneiros a buscar um fim à sua existência terrena.