Dragões, Krakens, Amazonas…A história está cheia de casos improváveis e coisas que parecem ter sido inventadas na mais delirante das imaginações, mas qualquer estudioso de arte ou química sabe como as coisas funcionam quando o assunto é criatividade: “nada se perde, nada se cria, tudo se transforma”, como diria Lavoisier. Isso quer dizer que para tudo que existe metaforicamente, no campo da ficção e da fantasia, existe uma inspiração real. É claro que a inspiração pode ter pouquíssimo a ver com o produto final e acabar sendo quase irreconhecível, mas, dentre esses exemplos que separamos pra você, as referências são bem claras.
1 – Scylla e Charybdis
Na Odisseia, Ulisses se vê confrontado por uma escolha difícil: num estreito oceânico, seu barco precisa ir para a terra. Mas em ambos os lados há monstros sanguinários. De um lado, Scylla, que tem várias cabeças e com elas pode raptar marinheiros do navio de Ulisses. Na outra, Charybdis, um monstro submarino que sugava embarcações para o fundo do mar com um redemoinho. Os lugares existem na vida real, no estreito de Messina, na Itália. De um lado há um redemoinho (sem monstros, até onde se sabe) e do outro rochedos pontiagudos, que inspiraram as várias cabeças de Scylla. No fim, Ulisses escolhe Scylla, pois achava ser melhor perder alguns homens do que a embarcação. Escolha complicada.
2 – A torre de Babel
Essa mítica construção, que seria a união de todos os povos para construir uma torre tão alta que chegasse ao Céu, ainda pode ser visualizada (apesar de hoje não passar de ruínas). Originalmente, entretanto, era um templo para o deus Marduk, destruído por Alexandre em sua invasão à Babilônia. Seu plano era reconstruir o local de acordo com a própria fé, mas morreu antes que o desejo pudesse ser concretizado. Vários outros povos e governantes seguiram o mesmo desejo, mas, a cada vez que tentavam reconstruir a torre, acabavam por destruí-la mais. No fim, realidade e ficção se confundem e a torre é realmente fruto da falta de cooperação entre os povos.
3 – Lobos gigantes
Assim como os que aparecem em Game of Thrones, os lobos pré-históricos (ou Dire Wolf, em inglês) são animais muito maiores e mais fortes que os cachorros atuais. Suas presas, como as do tigre-dente-de-sabre, são maiores e mais assustadoras. Entretanto, quando lobos menores foram surgindo, necessitando de menos alimentação, tendo maior agilidade e podendo entrar em tocas de outros animais, o lobo gigante logo virou um aproveitador de caças alheias, como os abutres ou hienas. Precisando de muita alimentação e incapaz de competir com os lobos menores ou com os homens, acabaram sendo extintos.
4 – Dragões
Sim! Não têm asas e nem cospem fogo, mas é quase isso: uma mordida de um dragão de Komodo, que reside na região homônima, tem tantas bactérias que pode causar uma infecção mortal num intervalo de poucos dias. Não é exatamente fogo, mas provavelmente deve arder bastante. Há também o fato de fósseis de dinossauros serem atribuídos a dragões durante a Idade Média e antes disso, o que explicaria a ideia de dragões serem gigantes.
5 – Hobbits
Com mais de 12 mil anos de idade, foram encontrados 9 exemplares de crânios com aproximadamente um terço do tamanho de um crânio comum, na Indonésia. Apesar da possibilidade de que fossem apenas anões ou pessoas com problemas de crescimento, a formação óssea leva cientistas a acreditar que essa tenha sido uma espécie à parte, que disputou a evolução com o homem e compartilhou ancestrais conosco, assim como o homem de Neanderthal.
6 – Amazonas
De acordo com o historiador grego Heródoto, as amazonas nasceram após uma captura de mulheres em massa. Levadas em navios, foram colocadas em cativeiro. Mas acabaram dominando seus sequestradores e tornando-se uma civilização de mulheres guerreiras. A próxima invasão foi a dos Citas, guerreiros iranianos que, percebendo a força e determinação das Amazonas, decidiram propor uma união de povos ao invés de uma guerra. Com isso, casaram-se, mas com uma condição: a tradição de mulheres guerreiras não seria interrompida nas próximas gerações, e sim celebrada e mantida. Para apoiar a história, cabe observar que covas encontradas no local onde teriam vivido tinham uma predominância de mulheres com marcas golpes nos ossos, o que demonstraria que estiveram em batalhas. Além disso, foram enterradas com espadas, adagas, arcos e demais armas de guerreiros, o que indica que a história não é meramente fantasia.
7 – Imoogi
Esses filhotes de dragão ou serpentes gigantes são comuns na mitologia coreana, que afirma que, antes de se tornarem dragões alados e majestosos, essas cobras enormes passam milhares de anos vivendo em cavernas ou sob a água. Para nós, brasileiros, é só dizer a palavra “Anaconda” que diversas imagens de cobras como essas vem à mente, certo?
8 – Moby Dick
A gigante baleia albina e seu nêmesis, o capitão Ahab, realmente existiram. A baleia da vida real, entretanto, chamava-se Mocha Dick, por viver perto da ilha de Mocha. Conhecida por destruir embarcações (já tendo destruído até 3 de uma só vez), foi tratada como um monstro mitológico e caçada pelo Capitão Pollard, na vida real. Entretanto, diferentemente do livro, o segundo barco do capitão também foi naufragado. E ele passou o resto da vida como vigia noturno. Que sem graça.
9 – Kraken
Esse mítico monstro submarino já foi associado à lulas com mais de dez metros de tamanho e polvos venenosos, mas talvez nenhum animal seja tão compatível com a descrição de demônio do mar quanto a lula da foto abaixo. Além de ventosas, os tentáculos do bicho têm dentes pontiagudos, que devem ajudar a conseguir alimento para esse monstro de 14 metros. Pense nisso quando estiver na praia ou em um cruzeiro.
10 – Berserkers
Os guerreiros imortais que derrubam exércitos inteiros não são exclusividade dos filmes de Hollywood, e na verdade existem há mais tempo do que Jesus, por exemplo. Um dos primeiros contos acerca desses guerreiros é o de Beowulf, a lenda nórdica de um guerreiro que matou dragões e monstros com uma simples espada. Na vida real, homens sem medo, dor ou hesitação chamavam a atenção nos campos de batalha: seu método era usar drogas alucinógenas, como cogumelos ou o veneno de sapos. Inclusive, cientistas afirmam que a bufotenina, princípio ativo encontrado em anfíbios e em remédios de indústria, pode recriar essas sensações. Não tente isso em casa, por via das dúvidas.