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ASTRONOMIA: O CAÇA-PLANETAS DA NASA PODE AJUDAR A RESPONDER À PERGUNTAS: ¨ESTAMOS SOZINHOS NO UNIVERSO?¨

As novas técnicas de validação que a NASA está a usar para os dados recolhidos pelo Kepler Space Telescope já permitiram validar 1.284 novos planetas identificados, alargando o potencial de existência de vida para lá da Terra.

O caça-planetas da NASA

A NASA tinha antecipado um "grande anúncio" na conferência de hoje, e os dados que estão a ser revelados no âmbito da missão do Kepler, integrada na "Arca da Descoberta", abrem novas portas à exploração do espaço, ao conhecimento da demografia de planetas e da existência de exoplanetas, e, naturalmente, da possibilidade de vida no Universo.

O anúncio está  gerar muita expectativa e a NASA já divulgou alguns dos dados, que estão a ser partilhados numa conferência que está a ser acompanhada online por mais de 10 mil utilizadores e que o TeK também está a seguir.

A missão do Kepler é identificar e caracterizar planetas que possam ser habitáveis, com condições semelhantes às da Terra e a orbitar estrelas parecidas com o Sol, e, por isso mesmo, o aumento do número de "candidatos" identificados é relevante para a resposta à questão que sempre se coloca: "Estamos sozinhos no Universo? Existe vida para além da Terra?", como referiu Paul Hertz, diretor da área de Astrofísica da NASA em Washington, lembrando que é necessário desenvolver agora novas missões nesse sentido.

Os gráficos que foram sendo partilhados ao longo da conferência mostram a importância "numérica" das descobertas, em termos estatísticos, mas o processo de validação posterior já sai do âmbito do Kepler. Como explicam os cientístas, para já estamos a "olhar e ouvir" e só depois se poderá avançar para a investigação mais direta.

No último ano o novo método de análise dos dados permitiu duplicar o número de candidatos "reais" e minorizar o número de "impostores" em relação às informações recolhidas nos últimos anos pelas missões Kepler e K2.

A missão do telescópio espacial Kepler identificou 4.302 potenciais planetas, 1.284 considerados candidatos a serem "reais" com uma probabilidade superior a 99%. Dos restantes 1.327 candidatos já foram afastados da equação e há ainda 707 que não sendo planetas podem ser outros fenómenos astrofísicos.

No novo grupo de planetas, cerca de 550 podem ser planetas semelhantes à Terra, com base no seu tamanho, e nove estão em órbita de sóis, a uma distância habitável que permite a existência de água líquida. Além destes há ainda 21 exoplanetas que podem integrar este grupo exclusivo.

Natalie Batalha, cientista da missão Kepler no Ames Research Center, Califórnia, foi cautelosa, "não queremos contar os nossos pintos antes dos ovos chocarem", afirmou. Mas admite que o número de planetas identificados pela temperatura e tamanho e que têm condições de albergar vida é muito elevado.

Em resposta a uma questão na conferência de imprensa, a cientista confirmou que o candidato mais próximo está apenas a 11 anos luz de distância, e identificou o Kepler 186s como um dos mais semelhantes à Terra, entre o catálogo analisado.

A missão da equipa do Kepler passa agora por finalizar o catálogo de planetas identificados até ao encerramento do projeto, em setembro, e até 2020 com o encerramento da missão, passando os dados para o público e potenciando futuras explorações de outros organismos da NASA, como o AMES e o Jet Propulsion Laboratory.

Confrontada com uma questão de um grupo de alunos do ensino básico, sobre para que serve esta descoberta e o que muda na ciência, Natalie Batalha explicou que se sente tentada a dar uma resposta mais filosófica: "quando olharmos para o ceu não vamos estar apenas a ver pontos de luz, mas vamos saber que aquelas estrelas podem ter sistemas planetários", afirmou. E naturalmente acrescentou ainda que a questão principal que todos queremos responder é "de onde viemos e porque estamos aqui", mas também "se estamos sozinhos no Universo" e isso são perguntas que podem ser facilmente percebidas e entusiasmar tanto os cientistas como as crianças.

 

Nota da Redação: A notícia foi sendo atualizada à medida que decorria a conferência de imprensa que terminou às 19.30h, hora de Portugal Continental.

 

 

VEJA MAIS NA FONTE: SAPOTEK