Carga de uma embarcação encontrada em Cesareia deve remontar ao tempo do imperador Constantino.
A Autoridade das Antiguidades de Israel anunciou esta segunda-feira a descoberta, no fundo do porto de Cesareia, na costa mediterrânica do país, de um conjunto de peças que terão perto de 1600 anos, e que terão feito parte do carregamento de uma embarcação que se afundou no local na sequência de uma tempestade.
Entre os objectos encontrados, de forma fortuita, no passado mês de Abril, por dois mergulhadores israelitas, Ran Feinstein e Ofer Raanan, estão uma candeia de bronze com a imagem do deus Sol, uma figura da deusa Lua, outra candeia com a efígie de um escravo africano e uma fechadura com a forma de um javali, além de fragmentos de estatuetas de bronze, moedas pesando cerca de vinte quilos, âncoras e outros objectos de navegação.
Num comunicado citado pela AFP, Jacob Sharvit, director da unidade marítima da Autoridade das Antiguidades israelita, explica que os objectos encontrados terão sido lançados borda fora quando a embarcação – de que não se encontraram agora vestígios – foi apanhada por uma tempestade, ao entrar no porto, tendo sido esmagada contra as rochas.
Ainda segundo a notícia da AFP, as peças poderão remontar à época de Constantino (272-337) e Licínio (ca. 250-325), que coexistiram na governação de diferentes partes do Império Romano, até que o primeiro venceu o segundo, seu cunhado, e se tornou senhor único do império.
Jacob Sharvit explicou ainda que os objectos agora descobertos se encontravam juntos uns aos outros, mantendo ainda a forma do recipiente de cerâmica onde teriam sido guardados. E admitiu que se tratava de componentes de uma carga de metais que estavam a ser transportados para reciclagem. Esta situação contribui para a especial relevância desta descoberta, pois as peças de metal acabavam normalmente por ser fundidas, e encontrá-las é "uma raridade", acrescenta o comunicado.
O responsável pela Autoridade das Antiguidades de Israel considera ainda que esta é a descoberta mais importante desde uma anterior feita no país, há três décadas. E lembra que, no ano passado, um outro “tesouro” fora já encontrado no mesmo porto de Cesareia, com cerca de duas mil peças em ouro com mais de mil anos – e que foi então considerado o maior tesouro numismático jamais encontrado no país.
Segundo Jacob Sharvit, esta sucessão de descobertas no mesmo local pode ser explicada pela erosão das areias no fundo daquele porto de mar. Construída pelo rei Herodes no século I a.C., Cesareia situa-se na costa ocidental de Israel a meio caminho entre Haifa e Telavive.