Antes de falarmos sobre a capacidade mortal das aranhas, é importante esclarecer algumas coisinhas, como, por exemplo: é MUITO improvável que qualquer aranha, mesmo a mais tóxica possível, te faça algum verdadeiro mal; e é quase impossível morrer de picada de aranha no mundo em que vivemos hoje.
Dito isso, podemos prosseguir com mais informação, menos pânico.
Qual é a aranha mais mortífera do mundo?
Comparar a toxicidade de aranhas é como comparar maçãs a maçanetas. Existem diferentes níveis de efeitos, algumas são dolorosas, outras nem tanto etc.
Provavelmente a maneira mais razoável de compará-las seria analisando seus históricos de fatalidades.
O grupo de aranhas que mais comumente pica as pessoas são as aranhas armadeiras do gênero Phoneutria, também conhecidas no Brasil como aranhas-macaco ou aranhas-de-bananeira. Sim, são aquelas encontradas debaixo dos cachos de banana.
Um estudo realizado em 2000 descreveu 422 picadas por aranhas Phoneutria, principalmente P. nigriventer e P. keyserlingi, no leste costeiro do Brasil. Duas crianças ficaram gravemente doentes como resultado das mordidas, apenas uma morreu. Em contraste, mais de 80% das vítimas restantes apresentaram sintomas leves ou nenhum sintoma.
Outra espécie perigosa comumente citada é a P. fera. Só que esta aranha vive na Amazônia, longe das áreas de cultivo de banana no Brasil – e da maioria das pessoas. Por consequência, elas representam pouca ameaça fora da região, embora possam haver exceções.
As famosas, mas que não merecem a fama
De todas as aranhas cuja toxicidade é conhecida atualmente, as mais venenosas são provavelmente as aranhas-teia-de-funil da Austrália (dos gêneros Atrax e Hadronyche). Suas mordidas são letais para as crianças pequenas dentro de minutos ou poucas horas, e para adultos dentro de 24 horas.
Então elas devem ter matado muita gente, não?
Não. Não houve mortes australianas desde que um antídoto foi desenvolvido.
As famosas viúvas-negras, do gênero Latrodectus, também não matam quase ninguém. Sua mordida é praticamente uma coisa do passado, já que tratamento e antídoto oferecem um tremendo alívio.
As mortes durante a primeira parte do século 20 podem ter sido devido a picadas que ocorreram em homens mordidos na genitália, onde a pele fina e alta vascularização permitiram a introdução rápida do veneno. A chegada de água encanada minimizou as picadas das viúvas.
A temida aranha-marrom é outra que não merece tanta atenção. Embora os aracnídeos do gênero Loxosceles tenham fama de causar grandes problemas, como ocorre com a Phoneutria, há uma grande dose de exagero.
A maioria de suas picadas só causa problemas pequenos. Cerca de 10% dos atingidos desenvolvem necrose significativa da pele e, mesmo assim, essas pessoas podem ser tratadas com uma intervenção mínima. Menos de 1% das mordidas de aranha-marrom se tornam sistêmicas e podem causar morte em 12 a 30 horas, geralmente em crianças. No entanto, diálise e hidratação podem reverter até os efeitos sistêmicos.