Os israelitas tiveram contato com Baal quando chegaram a Canaã, por volta do ano 1473 AEC. Descobriram que os cananeus adoravam uma multidão de deuses não muito dessemelhantes dos deuses do Egito, embora tivessem nomes e algumas características diferentes. No entanto, a Bíblia destaca Baal como o deus principal dos cananeus, e descobertas arqueológicas confirmam sua preeminência. (Juízes 2:11)
Embora Baal não fosse o deus supremo do panteão deles, era o deus que mais importava aos cananeus. Acreditavam que ele tinha poder sobre a chuva, o vento e as nuvens, e que só ele podia livrar o povo — bem como seus animais e suas safras — da esterilidade e mesmo da morte. Sem a proteção de Baal, Mot, um vingativo deus cananeu, certamente lhes causaria calamidades.
A adoração de Baal vibrava com ritos sexuais. Até mesmo objetos religiosos relacionados com Baal, tais como as colunas sagradas e os postes sagrados, tinham conotações sexuais. Parece que as colunas sagradas — rochas ou pedras talhadas na forma dum símbolo fálico — representavam a Baal, a parte masculina da união sexual. Os postes sagrados, por outro lado, eram objetos de madeira ou árvores que representavam Axerá, a consorte de Baal e o elemento feminino. — 1 Reis 18:19.
A prostituição nos templos e o sacrifício de crianças eram outros aspectos de destaque da adoração de Baal. (1 Reis 14:23, 24; 2 Crônicas 28:2, 3) O livro The Bible and Archaeology (A Bíblia e a Arqueologia) diz: “Nos templos dos cananeus havia homens e mulheres prostitutas (homens e mulheres ‘sagradas’) e praticavam-se todos os tipos de excessos sexuais. [Os cananeus] criam que esses ritos, de alguma forma, faziam prosperar as safras, as manadas e os rebanhos.” Esta pelo menos era a justificativa religiosa, embora essa imoralidade, sem dúvida, agradava aos desejos carnais dos adoradores. Então, como seduzia Baal o coração dos israelitas?
Por que era tão atraente?
É possível que muitos israelitas preferissem praticar uma religião que exigisse pouco deles. Na adoração de Baal, ficavam livres da observância da Lei, tal como a do sábado e das muitas restrições de moral. (Levítico 18:2-30; Deuteronômio 5:1-3) Pode ser que a prosperidade material dos cananeus tenha convencido outros de que era preciso apaziguar Baal.
Santuários cananeus, conhecidos como altos e situados em bosques nos contrafortes de montes, devem ter constituído um cenário atraente para os ritos de fertilidade praticados ali. Não demorou muito até que os israelitas não se contentavam apenas em freqüentar os lugares sagrados dos cananeus; eles até mesmo construíram os seus próprios. “Também construíam para si altos, e colunas sagradas, e postes sagrados sobre todo morro elevado e debaixo de cada árvore frondosa.” — 1 Reis 14:23; Oséias 4:13.
Mas, acima de tudo, a adoração de Baal agradava à carne. (Gálatas 5:19-21) As práticas sensuais iam além do desejo de ter abundantes safras, e manadas e rebanhos. Glorificava-se o sexo. Isto é evidenciado pelas muitas estatuetas desenterradas, com órgãos sexuais exagerados, retratando a excitação sexual.
Festanças, danças e música criavam o clima para o comportamento licencioso.
Podemos imaginar uma cena típica no começo do outono. Num belo ambiente natural, empanturrados de comida e estimulados pelo vinho, os adoradores dançavam. Sua dança de fertilidade destinava-se a despertar Baal da sua inatividade de verão, para que a terra fosse abençoada com chuva.
Contornavam vez após vez as colunas fálicas e os postes sagrados. Os movimentos, especialmente das prostitutas do templo, eram eróticos e sensuais. Eram impelidos pela música e pela assistência. E é provável que, no auge da dança, os dançarinos se retirassem para as câmaras da casa de Baal, para ter relações imorais. — Números 25:1, 2; note Êxodo 32:6, 17-19; Amós 2:8.