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Zona Morta no Golfo do México

Em toda primavera, a grande área ao norte do Golfo do México perde a maior parte de seu oxigênio e se torna fatal para a vida marinha. A "zona morta", também chamada de área hipóxica, é causada pelo crescimento de grandes quantidades de algas, um fenômeno conhecido como floração de algas

Quando as bactérias (em inglês) morrem, elas se alimentam das florações de algas e absorvem o oxigênio da água. Os níveis de oxigênio ficam baixos a ponto de a área não conseguir sustentar a vida marinha,  fazendo com que as criaturas marinhas nadem para outras águas; caso contrário, elas morrem. 

Além de serem hostis para a maior parte da vida marinha, as florações de algas também fazem que a água da zona morta fique marrom.



O mapa acima apresenta concentrações de fitoplâncton, as florações de algas que contribuem para as zonas mortas, nas águas da Costa do Golfo


O que causa as florações de algas? Em parte, esses são fenômenos naturais, porém foram bastante aumentados pelos fertilizantes, águas de esgoto e outros poluentes que entram no Golfo do México pelos rios Mississípi e Atchafalaya, abastecidos por massas de água vindas de todo o país. Esses poluentes contêm fósforo e nitrogênio, excelentes alimentos para as algas. 

Quando chega a primavera e a neve derrete, os níveis mais altos de água trazem mais nutrientes para as algas, que também florescem em água morna. A zona morta chega ao pico em torno do início de agosto e depois recua durante o outono, quando os níveis de nitrogênio na água diminuem.

A zona morta de 2007 é uma das maiores desde que as medições começaram, em 1985. Ela foi mapeada em torno de 20.461 km² - maior do que vários estados dos EUA [Fonte: CNN (em inglês)]. A zona morta de 2006 tinha 17.254 km² [Fonte: BBC (em inglês)], ao passo que a de 2002, a maior registrada até agora, media 22.002 km² [Fonte: Reuters (em inglês)].

Em 2007, o nível de nutrientes que aumenta o aparecimento de algas e entra no Golfo do México apresentou um aumento de 300% em relação aos níveis de meio século atrás, quando as zonas mortas eram ocorrências raras [Fonte: BBC (em inglês)]. Um cientista da Universidade Estadual de Louisiana atribuiu a mudança ao aumento do cultivo intensivo, que geralmente utiliza vários fertilizantes ricos em nitrogênio, aliado ao efeitos do clima [Fonte: BBC (em inglês)].

A Administração Nacional dos Oceanos e da Atmosfera dos EUA (NOAA), que monitora a zona morta, diz que a área oferece perigo para a indústria pesqueira, que fatura US$ 2,8 bilhões por ano e opera nas costas do Texas e da Louisiana [Fonte: NOAA (em inglês)]. Milhares de quilos de camarões-rosa são capturados todos os anos nessas águas, mas durante a última década os pescadores relataram uma diminuição na captura desses camarões. Eles podem estar morrendo ou simplesmente nadando para outras águas em que possam respirar.

A zona morta do Golfo do México não é a única área hipóxica do mundo. Durante anos, o lago Erie apresentou uma zona morta recorrente, que acreditava-se ser resultado da mistura de contaminação por fósforo, espécies invasivas de mariscos e clima quente. 

Um relatório das Nações Unidas, em 2003, afirmou que o número de zonas mortas sazonais ao redor do mundo dobrou de dez em dez anos desde a década de 1960 [Fonte: BBC (em inglês)]. Um relatório da NOAA cita os níveis baixos de oxigênio como um grande problema em canais rasos e em áreas costeiras ao redor do mundo.

Existem outros problemas para as comunidades pesqueiras também. As florações de algas nocivas (FANs), como a maré vermelha e as algas douradas, produzem toxinas quando se decompõem, matando a vida marinha e fazendo que as criaturas se tornem venenosas (em inglês) para os humanos. 

As FANs, contudo, não devem ser confundidas com as florações de algas descritas acima. Embora a poluição humana contribua com a zona morta do Golfo do México e com outras áreas hipóxicas, os cientistas ainda têm de estabelecer uma ligação entre a poluição e as FANs, que ocorrem naturalmente.

Na próxima página, vamos ver mais de perto as causas da zona morta e o que está sendo feito para evitar que ela aumente ainda mais.

Causas das zonas mortas

A zona morta ocorre naturalmente, mas a atividade humana está deixando-a muito pior, permitindo que afluentes fiquem muito cheias de alguns nutrientes ao passo que outras precisam de nutrientes essenciais. O nitrogênio (na água salgada) e o fósforo (na água doce) são os nutrientes que mais contribuem para as florações de algas. A falta de silício na água impede o crescimento de diatomáceas, um tipo de alga que é útil. Então, de onde está vindo a contaminação desse nutriente? O cultivo intensivo é a prática que geralmente está relacionada com as zonas mortas.

O cultivo intensivo, também chamado de agricultura intensiva, utiliza um grande investimento de capital e uma combinação de fertilizantes, pesticidas (em inglês), fungicidas, maquinário pesado, irrigação e outras técnicas modernas de cultivo para maximizar a produtividade de um lote de terra. A prática é caracterizada por uma produtividade mais alta e exige menos trabalhadores do que a agricultura extensiva.

Os críticos acusam os praticantes do cultivo intensivo de prejudicar o meio ambiente por meio da produção de dejetos e escoamento de fertilizantes, usando pesticidas perigosos, contribuindo para a doença  de animais e oferecendo condições desumanas para os gados. 

Hoje em dia, o cultivo intensivo é bastante predominante e produtivo, embora o uso de fertilizantes, produtos químicos e práticas que não causam danos ambientais possa variar drasticamente, dependendo dos fazendeiros e das regulamentações do governo.

dead crabs from the dead zone
A foto acima mostra alguns caranguejos mortos empurrados até a praia na costa do Oregon, vítimas da grande zona morta naquela área

Alguns cientistas citam a febre do etanol como um fator que contribui para a zona morta. O uso de plantações de biocombustível significa que mais milho do que nunca está sendo plantado nos Estados Unidos. 

O milho exige bastante fertilizante, que é cheio de nitrogênio e se infiltra na água subterrânea, indo parar no Mississípi por meio dos rios locais. Os níveis de nitrogênio no rio Mississípi aumentaram em 35% em maio de 2007 se comparados a 2002, e os níveis de água do rio diminuíram mais de 20% também comparados com 2002, o que causou um grande fluxo de florações de algas [Fonte: The Herald Tribune (em inglês)].

A perda de pantanais diminuiu drasticamente a capacidade dos ecossistemas regionais de removerem o nitrogênio das águas locais. Sete estados da região centro-oeste dos EUA perderam 35 milhões de acres de pantanais durante os últimos 200 anos, ao passo que 50% dos pantanais desapareceram no Tennessee, na Louisiana, no Mississípi e no Arkansas [Fonte: NOAA (em inglês)].

Apesar da expansão gradual da zona morta, os cientistas afirmam que temos a capacidade de reduzi-la. A limitação do uso de fertilizantes ricos em nitrogênio, a implementação da conservação da água e de práticas de reciclagem e a prevenção de vazamentos e escoamentos de esgotos de fábricas que tratam a água devem ajudar a manter os níveis de nitrogênio baixos. Em 1998, o Congresso dos EUA aprovou a Lei de Controle e Pesquisa da Floração de Algas Nocivas e da Hipóxia, que exigia o exame da pesquisa e do trabalho para conter as florações de algas nocivas e a hipóxia. Pesquisadores de universidades e a NOAA (Administração Nacional dos Oceanos e da Atmosfera dos EUA) estão usando técnicas de modelagem para estimar a quantidade de determinados compostos que precisa ser removida para reduzir o tamanho da zona morta.

Ironicamente, a zona morta poderia ser afetada positivamente por uma temporada ativa de furacões. Um fator que contribui muito para as zonas mortas é quando a água se torna estratificada - quando a água morna e doce fica sobre a água mais fria e salgada. Essa estratificação impede a aeração de águas mais profundas, ao passo que as florações de algas se fixam no fundo e se decompõem. Um furacão poderia movimentar as águas do Golfo, dispersando um pouco das algas e parcialmente aumentando os níveis de oxigênio. A NOAA prevê de sete a dez furacões para 2007, com três a cinco deles qualificados como "grandes furacões" [Fonte: NOAA (em inglês)]. 

Embora essas tempestades possam movimentar a zona morta e possivelmente aumentar a captura de camarões-rosa, elas chegarão em uma época em que as comunidades da Costa do Golfo ainda estão se recuperando da devastação dos furacões Katrina e Rita.

Saiba mais sobre este assunto nos links abaixo:

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