Ticker

6/recent/ticker-posts

Força militar não é o caminho para combater o terrorismo no mundo

Força militar não é o caminho

Especialista em Estratégia Internacional Geopolítica da FGV – Fundação Getúlio Vargas de São Paulo – acredita que o uso da força militar para combater ataques terroristas só vai agravar o radicalismo islâmico.

Em entrevista para a Rádio Sputinik, o professor Antonio Gelis explica que o grande problema hoje é impedir o crescimento de pequenos grupos radicais que estão surgindo em decorrência de uma série de vazios geopolíticos no mundo. “Juntamente com o crescimento do antissemitismo que temos visto na Europa, nós também temos paralelamente o crescimento da islamofobia, que são dois cânceres, a que a sociedade europeia precisa pôr fim imediatamente”.
Segundo o professor, ao invés da solução militar, o mais importante agora é reintegrar países como Somália, Iraque, Síria, Líbia, Afeganistão e Paquistão, oferecendo dentro da comunidade internacional espaços de negociação, recomposição e programas de incentivo econômico, enfraquecendo assim o poder que se fragmentou em tais regiões e que está nas mãos de grupos radicais.
Antonio Gelis chama a atenção ainda sobre o recrutamento de jovens pelo terrorismo. “Uma boa parte dos jovens islâmicos até certo ponto da vida não teve vínculo qualquer com o radicalismo religioso, porém, sem perspectiva de vida, eles entram na criminalidade, como no caso dos irmãos Kouachi, na França, e acabam sendo recrutados por grupos radicais que estão dentro do próprio sistema prisional europeu”.
O grande problema apontado pelo especialista é que desde a resposta inicial dada aos ataques nas torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York, em 2001, o Ocidente está seguindo uma estratégia equivocada de iniciar guerras que acabam por gerar uma grande instabilidade sem solução nas regiões de conflito. “A raiz de tudo isso está nas áreas de caos, e enquanto isso não for resolvido a chance de acabar com o extremismo é bem pequena”, analisou.
Como um exemplo a ser seguido, Antonio Gelis aponta a República da Chechênia. A região passou por duas guerras, mas após a implantação de um grande projeto político e acima de tudo de reinserção econômica, o país foi totalmente reintegrado de forma positiva na Federação da Rússia.


Fonte: Voz da Russia