Você sabia que a data do seu nascimento e o número da
sua residência têm grande influência sobre os acontecimentos que cercam a sua
vida? E que o seu futuro pode ser influenciado pelos números? Pois é justamente
assim que creem os seguidores da numerologia, conhecidos como numerólogos. As
perguntas que nos vêm à mente são: “O que significam os números? Para que
servem? Podem, afinal, influenciar as nossas vidas?”.
Os estudiosos, desde épocas remotas, vêm atribuindo aos
números valores filosóficos e religiosos. Através dos números e dos séculos,
pensadores e místicos têm expressado seus ideais e conceitos. Na Bíblia, muitas
vezes os números aparecem como símbolos, mas não podemos dizer que todos os
números nas Escrituras são simbólicos. O costume de atribuir algum significado
aos números vem do Oriente.
O dicionarista Aurélio define o termo numerologia da
seguinte maneira: “estudo da significação oculta dos números e da influência
deles no caráter e no destino das pessoas”. Entre os judeus místicos, a Cabala1,
baseada principalmente na simbologia dos números, é cultivada com afinco. Os
cabalistas recorrem a um processo chamado gematria (vocábulo grego que
significa geometria: ‘medida da terra’. A gematria consiste em atribuir às
letras valores numéricos e tirar deste princípio múltiplas conseqüências).
De acordo com o livro “Dicionário de religiões, crenças
e ocultismo”, a numerologia é um “sistema ocultista que atribui valores
específicos e significados aos números para se determinar o futuro ou conhecer
os mistérios do universo físico”.2
A origem da numerologia
É longo o caminho que a numerologia percorre, tanto na
filosofia como no ocultismo. Suas origens apontam para Pitágoras3 como sendo o
pai dessa atividade. E Platão a incrementou com seus conceitos universais. “O
fato de que a natureza (os minerais, a flora, a fauna…) se apresenta ao homem
com certa regularidade, simetria ou harmonia, fez que desde remotas épocas os
homens tendessem a ver nos números o elemento básico ou o fundamento de toda a
realidade: ‘Os números são os princípios das coisas’, dizia Pitágoras; por
conseguinte as leis dos números seriam as leis do universo”.4
Devido à harmoniosa sucessão do dia e da noite, das
quatro fases da lua, dos sete dias da semana, das quatro estações do ano, da
simetria das partes e dos membros do corpo humano, e também da seqüência dos
anos, o homem foi conduzido à simbologia e à mística dos números.
O que na verdade Pitágoras fez foi relacionar a
realidade aos números. Assim, podemos dizer, em primeiro lugar, que os números
têm a chave para a explicação da realidade e, em segundo, que eles são a
própria essência da realidade. Como dissemos anteriormente, Platão tomou as
lições básicas de Pitágoras identificando seu sistema de idéias e conceitos
relacionado aos números. “Ele trabalhou com os conceitos de limitado,
não-limitado, determinado, não-determinado. Platão era matemático e,
naturalmente, deixava-se atrair por uma teoria que se relaciona à própria
realidade”.5
Raciocinando com a numerologia
De acordo com esse estudo, valores numéricos são
atribuídos às letras. Um exemplo disso seria que a letra “a” valeria 1 e a
letra “z”, 26. As principais funções dessa “matemática” é calcular o valor
numérico do nome de uma pessoa junto com a data do seu nascimento. “Por
exemplo, Jesus é: J (10), E (5), S (19), U (21), S (19). A adição desses
valores é 74. Esse número é reduzido da seguinte forma: 7+4 = 11 e 1 + 1 = 2”.6
Se considerarmos o fato de que o nome Jesus no grego é Iesous, esta colocação
fica sem nexo, pois o nome Iesous contém oito letras, o que fornece outro valor
numérico.
O mesmo acontece com as datas de nascimento. Suponhamos
que o cálculo da data de nascimento de uma pessoa do dia 30-04-80 fosse: 30 + 4
+ 1 + 9 + 8 + 0 = 52. A redução desse número seria 5 + 2 = 7. Então, o número
dessa pessoa seria 7. Seria a partir desse número que os numerólogos
interpretariam a vida de tal pessoa. É seguindo essa forma de raciocínio que
muitos estudiosos atribuem o número 666 (associado ao anticristo) às letras do
nome César Nero. Existe alguma verdade nessa teoria? É um caso que precisa ser
analisado.
Místicos por todo o mundo têm feito previsões baseadas
na numerologia, e muitas delas, concidentemente, têm-se cumprido, tornando este
método popular entre uma grande parcela da população que busca conhecer aquilo
que está por vir. Tais pessoas, no entanto, ao interessar-se pelos
acontecimentos futuros visam apenas resolver seus problemas amorosos,
financeiros e profissionais. Na verdade, não estão nem um pouco preocupadas em
saber sobre as coisas espiritualmente saudáveis reservadas para elas.
Como podemos ver, o assunto é sério, e precisa ser
analisado à luz da Palavra de Deus.
A numerologia à luz da Bíblia
Reconhecemos que certos números na Bíblia possuem
significado especial, mas isso não quer dizer que devemos exagerar a respeito.
O caso dos 153 peixes de João 21.11 vem sendo explorado por toda a história da
Igreja. Outro exemplo de controvérsias e especulações são as setenta semanas de
Daniel (Dn 9.25-27), bem como a frase “um dia para o Senhor é como mil anos”
(Sl 90.4). É uma atitude totalmente sem nexo impor uma interpretação simbólica
a estes números.
Sempre houve muitas especulações em torno dos números
na Bíblia. Ao que tudo indica, o único número da Bíblia que de fato pode
receber interpretação simbólica é o 666: “Aqui há sabedoria. Aquele que tem
entendimento, calcule o número da besta; porque é o número de um homem, e o seu
número é seiscentos e sessenta e seis” (Ap 13.18).
Seja qual for a maneira usada pelo homem para praticar
a adivinhação é abominação diante de Deus. Vejamos o que diz Deuteronômio
18.10-12: “Entre ti não se achará quem faça passar pelo fogo a seu filho ou a
sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro,
nem encantador, nem quem consulte a um espírito adivinhador, nem mágico, nem
quem consulte os mortos. Pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao Senhor;
e por estas abominações o Senhor teu Deus os lança fora de diante de ti”.
Levítico 19.31 também tem algo a dizer a respeito: “Não vos virareis para os
adivinhadores e encantadores; não os busqueis, contaminando-vos com eles. Eu
sou o Senhor”.
O castigo para o praticante da adivinhação, conforme
rezava a lei, era a morte: “Quando, pois, algum homem ou mulher em si tiver um
espírito de necromancia ou espírito de adivinhação, certamente morrerá, serão
apedrejados; o seu sangue será sobre eles” (Lv 20.27).
De acordo com o que diz a Bíblia, um dos motivos que
levou Saul à morte foi justamente o fato de ele ter recorrido à adivinhação:
“Assim morreu Saul por causa da transgressão que cometeu contra o Senhor, por
causa da palavra do Senhor, a qual não havia guardado; e também porque buscou a
adivinhadora para a consultar” (1Cr 10.13). Samuel, ao contrário de Saul, havia
desterrado todos os adivinhos (Samuel temia o Senhor 1Sm 28.3,9).
O povo de Israel praticava adivinhações e foi duramente
advertido pelo profeta Isaías: “Quando, pois, vos disserem: Consultai os que
têm espíritos familiares e os adivinhos, que chilreiam e murmuram: Porventura
não consultará o povo a seu Deus? A favor dos vivos consultar-se-á aos mortos?”
(Is 8.19).
No Novo Testamento, encontramos o caso de uma jovem que
tinha um espírito de adivinhação. Tal espírito, no entanto, foi expulso pelo
apóstolo Paulo. O registro desse acontecimento encontra-se em Atos 16.16-18.
Vejamos o que diz o texto: “E aconteceu que, indo nós à oração, nos saiu ao encontro
uma jovem, que tinha espírito de adivinhação, a qual, adivinhando, dava grande
lucro aos seus senhores. Esta, seguindo a Paulo e a nós, clamava, dizendo:
Estes homens, que nos anunciam o caminho da salvação, são servos do Deus
Altíssimo. E isto fez ela por muitos dias. Mas Paulo, perturbado, voltou-se e
disse ao espírito: Em nome de Jesus Cristo, te mando que saias dela. E na mesma
hora saiu”.
Claro está que a prática de adivinhação é
terminantemente condenada por Deus!
Vivemos diariamente com pessoas que crêem em
adivinhações. Para que suas vidas sejam transformadas, precisamos mostrar-lhes
a verdade da Palavra de Deus. Somente assim poderemos convencê-las de seus
erros.
Em relação a esse assunto, para que não caiamos nas
armadilhas do inimigo, devemos defender a fé que uma vez nos foi dada (Jd 3).
Fica aqui, então, lançado o desafio. Será que estamos dispostos a fazer pela
verdade o que os numerólogos fazem pela mentira?
cacp